A mulher samaritana - Encontros com Jesus


A sede de Deus 

No meio do dia, sob o sol escaldante da Palestina, uma mulher vai ao poço buscar água. Sozinha, em uma hora incomum, talvez para evitar os olhares e os julgamentos dos outros. Mas aquele não seria um dia como outro qualquer. Jesus estava ali. E ela nem imaginava o que estava prestes a acontecer.


“Dá-me de beber” — diz Jesus.


Com essa frase, Ele rompe muros antigos: o preconceito entre judeus e samaritanos, o silêncio entre homens e mulheres em público, o distanciamento entre o puro e o impuro. Jesus quebra convenções e vai direto ao coração.


A mulher estranha o pedido. "Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana?" Mas Jesus está ali por algo muito maior do que saciar a sede do corpo. Ele quer saciar a sede da alma.


“Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias, e ele te daria água viva.”


Jesus fala de uma sede profunda, daquela que mora em todos nós. A sede de sentido, de paz, de reconciliação. A mulher ainda não compreende totalmente, mas algo nela começa a mudar. Ela se interessa. Faz perguntas. É nesse diálogo que Jesus revela sua identidade, não com teorias, mas com acolhimento e verdade.


“Chama o teu marido e volta aqui.”


Ela responde que não tem marido. Jesus então mostra que conhece sua história: cinco maridos, e o homem com quem vive não é seu esposo. Mas Ele não a condena. Não a afasta. Ao contrário, Ele permanece, olha nos olhos e a convida a beber de uma nova água. A água da verdade, da dignidade, da vida nova.


A mulher, tocada por esse encontro, muda. É transformada. Deixando o cântaro junto ao poço, corre de volta à cidade para contar a todos o que viveu: “Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz! Não será ele o Cristo?”


Jesus, o Messias, escolheu essa mulher como primeira anunciadora da Boa Nova entre os samaritanos. Aquela que era invisível torna-se mensageira. Aquela que evitava os outros, agora os convida a se aproximar.


Esse encontro nos ensina que Jesus não espera por nós nos templos perfeitos, mas nos caminhos comuns da vida. No meio do dia, junto ao nosso poço, Ele se aproxima e nos oferece água viva. Basta abrirmos o coração e escutarmos seu pedido: “Dá-me de beber”.


Hoje, Jesus também nos pede água. Ele deseja entrar na nossa história, mesmo com nossas feridas, nossos erros e nossos medos. E como a mulher samaritana, somos convidados a deixar para trás o cântaro velho da vergonha e carregar a boa nova do encontro.


A sede de Deus está dentro de nós. E é Ele quem, no fim, sacia a nossa sede.


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