Quarta-feira Santa: O Preço da Traição

🪙 Quarta-feira Santa: O Preço da Traição

Passagem Bíblica:
“Quanto vocês me dão se eu o entregar a vocês?” Eles lhe pagaram trinta moedas de prata.
(Mateus 26, 15)

Introdução

Chegamos à Quarta-feira Santa, dia em que a liturgia nos convida a contemplar uma das cenas mais tristes da paixão: a traição de Judas Iscariotes. Um amigo que se torna traidor. Um gesto que marca o início da Paixão de Cristo. Neste dia, o Evangelho nos mostra que a cruz não começa com os pregos, mas com a falsidade e a omissão. A cruz começa no coração daqueles que negam o amor.

Trinta moedas de prata

Judas, que caminhou ao lado de Jesus, que presenciou milagres, ouviu parábolas, partilhou o pão... foi justamente ele quem escolheu entregar o Mestre por algumas moedas. A pergunta que ecoa ao longo dos séculos é: por quê?

A resposta talvez esteja também em nós. Judas não representa apenas um personagem histórico, mas uma dimensão presente na humanidade — aquela que se deixa seduzir por interesses pessoais, por ganância, por decepções não curadas ou por um coração endurecido.

Traição: o veneno silencioso

A traição não acontece de repente. Ela nasce devagar: na falta de escuta, na frieza do olhar, no cansaço de amar, no distanciamento da oração. Aos poucos, a chama da fé vai se apagando e cedemos espaço ao inimigo que habita nossos próprios desejos.

Mas o mais chocante da traição de Judas não é apenas o valor pago — é a sua frieza ao tratar Jesus como mercadoria. Quanto vale o amor? Quanto vale uma amizade? Quanto vale um coração entregue?

E nós, quantas vezes?

Somos rápidos para julgar Judas, mas e nós? Quantas vezes negamos a presença de Jesus em nossa vida por muito menos que trinta moedas? Quantas vezes silenciamos diante da injustiça, escondemos nossa fé, ignoramos os irmãos necessitados?

A Quarta-feira Santa é um espelho que nos convida à verdade. Jesus, o Amado, continua sendo traído por gestos de omissão, de egoísmo, de falta de compromisso. E Ele continua amando.

O amor que não desiste

Apesar da traição, Jesus não se vinga. Ele não amaldiçoa Judas. Ao contrário: continua amando. No momento do beijo da traição, ainda o chama de “amigo”. Esse é o amor de Deus — que permanece fiel mesmo quando o nosso amor falha.

Hoje somos chamados a escolher: queremos ser como Judas, que calculou o valor do amor? Ou como Jesus, que ama até o fim?

Um convite à reconciliação

A Quarta-feira Santa é também um convite à conversão. Ainda há tempo de voltar, de recomeçar, de deixar que o amor de Cristo nos cure por dentro. Como Pedro, que também falhou, mas teve coragem de chorar e recomeçar. Que nesta Semana Santa, sejamos humildes para reconhecer nossas falhas e nos deixarmos transformar pela misericórdia de Deus.

Oração do dia

Senhor Jesus,
neste dia em que lembramos a traição de Judas,
queremos pedir perdão por todas as vezes em que também Te negamos.
Dá-nos um coração sincero, fiel, que não Te abandone na hora da cruz.
Ensina-nos a amar como Tu amas, mesmo quando dói.
E ajuda-nos a escolher, todos os dias, caminhar Contigo até o fim.
Amém.

Hoje é dia de silêncio e verdade.
Ouve o que tua consciência diz.
Ainda há tempo de escolher o amor.

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